sexta-feira, 28 de novembro de 2008

É HOJE!


A essa altura, todos os organizadores já estão mobilizados para que tudo corra bem. Sei que para muitos que me lerem durante o dia restará apenas a oportunidade de fazer um lamento do tipo "Poxa, perdi!". Para aqueles que, como eu, conseguirão pegar pelo menos parte do evento, fica a dica. Reproduzo abaixo a parte da programação que, creio, conseguirei assistir:

17h00 – 18h30 :: Sessão Especial

O Mal no relativismo

(Mediação: Maria Cristina Mariante Guarnieri)

- Prof. Dr. Leandro Karnal (UNICAMP) :: A demonização dos vícios e dos males indígenas nas obras coloniais.

- Prof. Dr. Luiz Felipe Ponde (PUC-SP) :: Moral como hábito.

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18h30 – 19h00 :: Intervalo

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NOITE

19h00 – 20h40 :: Sessão V de Comunicações do NEMES-PUCSP

Existe o Bem possível?

(Mediação: Maria José Caldeira do Amaral)

- Doutoranda Ana Cláudia Patitucci :: A Tragédia Grega e a questão do Mal.

- Drª Maria Cristina Guarnieri :: Mal e Liberdade em Kierkegaard e Berdiaev.

- Ms Jacqueline Sakamoto :: O Mal na Estética da Queda em Dostoiévski.

- Ms Rodrigo Inácio :: O anti-procriacionismo como crítica antropológica radical em Emil Cioran.

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20h40 – 22h30 :: Sessão Especial de Encerramento

O Mal na Filosofia e na Teologia, num espaço moderno e contemporâneo

(Mediação: Prof. Dr. Luiz Felipe Pondé)

- Prof. Dr. Oswaldo Giacoia Junior (UNICAMP) :: A Positividade do Mal em Schopenhauer.

- Prof. Dr. Eduardo Rodrigues da Cruz (PUC-SP) :: Um Embate Contemporâneo sobre o Mal - Teologia Judaico-Cristã versus Teologia Transhumanista.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Número 2

Interrompo o longo período de silêncio por aqui para anunciar que em breve o número 2 da Revista Dicta&Contradicta estará em circulação. Na ocasião do lançamento da revista, houve alguma polêmica, tentaram impingir a pecha de revista da Opus Dei, de direita, etc., etc. Mas houve também uma boa receptividade. Passados já seis meses, a revista volta a mostrar a sua cara.

Quem quer que a tenha lido poderá atestar sua qualidade. Além da sobriedade do projeto gráfico, os textos são muito bons. Isso significa que tudo o que nela vem publicado deve ser simplesmente aceito, acriticamente? Dãã, claro que não! Quer dizer apenas que, mesmo quando ela dá voz a autores pouco conhecidos, ou antes, pouco populares, eles o fazem com competência. E a atitude mais inteligente diante disso não é a rejeição pura e simples, baseada em opiniões pré-formadas, em preconceitos. Pelo contrário, o importante é procurar compreender o que estão dizendo. Mais do que isso: sem ter as referências compartilhadas, fica difícil de fazer uma crítica bem fundamentada.

Então é isso. O que eles fazem, e muito bem, é pôr em circulação no Brasil autores ignorados ou rechaçados pela academia.

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A previsão é que o lançamento seja feito no dia 08/12, na livraria Cultura da Avenida Paulista. Mas essa ainda não é uma informação oficial. Aguardemos!

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Antes e depois de Obama


Me senti ludibriado. Por volta das 7 da manhã da última quarta-feira, acordei com uma efusiva mensagem vinda da TV: o mundo não era mais o mesmo. Até esbocei uma certa indiferença, mas como a manhã é sempre traiçoeira para aqueles que dominam a arte de dormir, resolvi prestar mais atenção àquela coisa. E o repórter insistia: era mesmo o fim de nossas dores. E a cura do mundo vinha de um lugar improvável, acusado de sempre contribuir para a infecção de nossas chagas. E, para espanto generalizado, o remédio era produto da vontade de uma gente reconhecidamente arrogante que, agora, presenteava o mundo com esta boa nova. Sim, “They Can”.

A verdade, contudo, é que apesar das promessas de tempos áureos e novas felicidades, me parece que a vida continua seguidora de sua lógica pouco ortodoxa: tão imprevisível e insuportável (para a maioria) quanto ontem. O trânsito, pelo que vejo, mantém-se apocalíptico; minhas contas chegaram com a pontualidade britânica de sempre; o céu está cinza; os livros continuam caros. Em suma: a vida continua rigorosamente a mesma. A idéia de dividir nosso século em AO/DO (Antes de Obama, Depois de Obama), me parece precipitada e insalubre.

Precipitada porque não se sabe o que é Obama. Apesar dos sonhos vendidos, a chamada vida real é mais complexa do que os discursos apaixonados e apaixonantes proferidos durante a campanha. Insalubre porque exige dispensar à política algo que ela não merece: fé. E quando digo “fé” refiro-me justamente àquela descrição bíblica: a certeza das coisas que se esperam, a convicção de fatos que não se vêem. E a razão de minha preferência ao ceticismo é muito simples: a política é, em si, insuficiente. Ela é incapaz de abarcar os vícios que produzimos diariamente, de satisfazer nossas paixões íntimas. Por isso, a felicidade nunca – exagero? – é um produto (unicamente) da política.

Obviamente isso não significa que devemos repudiar a política, suas causas e resultados; não significa tampouco deixar de vigiar, fazer escolhas, exigir melhorias e, no extremo, acreditar em “um novo mundo”. Nada disso. Trata-se apenas de colocá-la em seu devido lugar, saber até onde ela pode nos levar, conhecer seus limites. Caso contrário, a ascensão de Obama – ou de qualquer outro candidato a santo - terá o efeito de um livro de auto-ajuda: um alívio momentâneo que se dissolve diante da dureza da realidade.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Letramento

Convidadas por um menino,
as letras saíram para brincar.
O menino, muito ativo,
estava com palavras a formar.
Juntou, pois, todas as letras,
e fez uma exclamação:
– Cada uma de vocês
terá uma missão.
Tudo o que eu falar
vocês devem obedecer,
depois perceberão
um milagre acontecer.

As letras todas, espantadas,
estavam a hesitar:
– Que será que esse menino
com a gente vai aprontar?
Até que uma delas,
o “A”, sempre presente,
traqüilizou as demais:
– O menino é inteligente,
ele sabe o que faz.

– Formem grupos – disse o menino.
E aí começou a confusão.
A, E, I, O, U não sabiam a sua função.
– Vocês têm muitos amigos,
com todos vão se juntar.
Parem já com essa briga
e comecem a criar.

As letras de mãos dadas
passaram a desconfiar:
– Será que é importante
ocupar este lugar?
O menino, sorridente,
sem demora respondeu:
– Vocês são um presente
que fiz p’rum amigo meu.

As letras não entenderam:
– Como assim, você vai dar a gente?
E se ele nos maltratar?
– Esse meu amigo é mágico,
Tudo faz multiplicar.
Então vocês numerosas,
quando já forem famosas,
verão o milagre de que falei.
Crianças do mundo inteiro
saberão de sua história,
a história que contei.

***

A presença da Maísa por aqui me fez lembrar de um texto já velho, escrito quando tive um contato mais próximo do universo infantil. Uma experiência curta, mas da qual gostei muito. Gostei tanto que guardei o manuscrito, o que é muito raro eu fazer. Como o próprio nome deste blogue sugere, aqui vão meus exercícios de redação. Tudo ainda muito incipiente. Mas vou fazendo. É exercício, despretensioso.



I SEMINÁRIO NEMES: O Mal está entre nós?

O núcleo de estudos em mística e santidade da PUC-SP, dirigido pelo Professor Luis Felipe Pondé, realizará no dia 28/11 o I Seminário NEMES: O mal está entre nós? A programação está disponível aqui.
Minha intenção é estar lá, mas como ainda não tenho de certeza que será possível, divulgo. Clique na imagem para ver o cartaz em tamanho ampliado.

Questão gramatical: umazinha menininha engraçadinha



Algumas expressões bastante consolidadas em nossa língua contêm em si equívocos curiosos. Uma delas é aquela afirmação entusiasmada "Concordo em gênero, número e grau!". Pois bem, qual é o equívoco? Vamos relembrar. Concordância é aquela necessidade intrínseca de flexionar todos os elementos do sintagma para manter a adequação entre eles. Se digo "um menino engraçado", tenho de deixar artigo e adjetivo em concordância com o núcleo do sintagma, no caso o substantivo menino. Se eu flexionar o núcleo, tenho necessariamente de flexionar também seus adjuntos. Por exemplo: "Uma menina engraçada". Isso acontece tanto na flexão de gênero quanto de número. Mas não no grau. Não há nada que me impeça de dizer, sei lá, "uma menina engraçadinha", ou uma "menininha engraçada". Aliás, pareceria ridículo ter de dizer "umazinha menininha engraçadinha". Pois bem, caso encerrado. Grau não exige concordância. O que nas línguas sintéticas, entre elas o latim, exige concordância é a flexão em caso. Se disséssemos concordo em gênero, número e caso, aí não haveria problema, exceto, é claro, o fato de não ser muito bem compreendido ou considerado um mala.
Uma outra curiosidade é a relação direta entre gênero gramatical e sexo. Aprendi na faculdade que gênero gramatical é uma categoria independente do sexo por uma razão muito simples: todos os substantivos têm gênero, mesmo que não tenham sexo. Por que diabos porta é feminino? E parede? E cadeira? E por que, então, carro, livro ou telefone são masculinos? Sei lá eu. É só mais uma arbitrariedade da língua. Curioso mesmo é quando uma menina engraçadinha se mete a discutir esse tipo de coisa. E solta uma que me faz rir repetidas vezes.

Veja o vídeo, veja o vídeo! Essas notas servem só como pretexto para que vejam a menina engraçadinha do exemplo acima!