sexta-feira, 14 de março de 2014

Quem são os copistas contemporâneos?



A cultura do copista – ou sua ignorância –, bem como sua profissão ou o sentimento patriótico, sua religião e até a sua naturalidade, podem intervir na prática do erro. [...] Da ignorância pode resultar aquilo que se denomina “trivialização”, isto é, o copista poderá substituir um termo desconhecido por outro que lhe é familiar, achatando o vocabulário do modelo; quando a banalização é progressiva, vale dizer, atinge todas as palavras raras que o copista desconhece: os termos heminas (hemina, medida de capacidade) e scutulam (venda de lã para os olhos) do Miles gloriosus de Plauto (respectivamente, versos 831 e 1178) foram substituídos por outros mais vulgares: feminas e cultura.
Segismundo Spina, Introdução à Edótica. São Paulo, Cultrix, 1977, p. 113.

[...] as anomalias de um texto podem ser meramente acidentais e involuntárias, ou dolosas, isto é, intencionais. Mas há, também, erros inevitáveis, como sucede com aqueles manuscritos que estão danificados ou com folhas encadernadas fora de lugar. [...] Os erros acidentais são, entretanto, mais numerosos: grafias e sons equívocos, confusão de palavras semelhantes, transposição de letras e de palavras, omissão de palavras ou frases, salto de linhas ou de versos, confusão ocasionada por parônimos, supressão de sílabas nas palavras (haplografia), ou sua repetição (ditografia), são as incorreções mais frequentes nas cópias manuscritas ou nas composições tipográficas.
Segismundo Spina, Introdução à Edótica. São Paulo, Cultrix, 1977, p. 115.

Nenhum comentário: