
Essa história de interatividade na rede é uma coisa fabulosa mesmo. A que me refiro dessa vez? Dias atrás aconteceu o lançamento da revista Dicta&Contradicta, uma publicação do IFE. Como sou leitor do Martim desde os tempos do velho indivíduo e mantive contato com ele por conta dos cursos oferecidos pelo instituto de humanidades do IICS, a notícia da publicação da revista me encheu de entusiasmo. Não só a mim, mas a muita gente que acompanha um trabalho que vem sendo desenvolvido já há anos.
A revista tem o mérito de reunir muita gente boa, com ideais afins, numa mesma publicação. Pedro Sette Camara, Martim Vasquez da Cunha, Antonio Fernando Borges, Mendo Castro Henriques, Luiz Felipe Pondé... Cada qual com sua especialização, cada qual com seus interesses, mas todos críticos severos da establishment acadêmico brasileiro (com exceção de Mendo, que é português), todos estudiosos de autores que são rechaçados pela academia, todos muito competentes no que se propõem a fazer.
Às vezes declaramente, às vezes nem tanto, eles acabam assumindo posições um tanto polêmicas. O que não os diminui em nada, haja vista o fato de que não se trata de polêmicas gratuitas, mas tudo devidamente fundamentado. Mas não escrevo para falar deles. Pelo menos não diretamente.
Tudo o que disse até agora foi só para contextualizar uma referência a palavras minhas feita por Gabriel Perissé num texto do Observatório da Imprensa. A origem da citação foi um comentário que enviei ao blogue do Bruno Garschagen, na ocasião da cobertura do lançamento da revista. O Bruno considerou que meu comentário merecia virar post e o publicou com destaque.
Aí tomei um susto quando, ao ler as palavras de Perissé sobre a revista, vi que meu texto havia sido usado como mais uma evidência da pretensão de seus editores. Sim, aquele "jovem de impressões exaltadas" sou eu. Vai aqui então a minha explicação. Não desdigo o que disse. Mas é preciso que fique claro que quem disse aquilo fui eu. Não tenho nada a ver com os editores, nem com o Opus Dei. Minha relação com o Martim é a mesma que tenho com o Pedro, com o Olavo, com o Reinaldo: sou leitor. Só isso! Se é que posso fazer alguma emenda no que disse, corrigiria apenas uma droga de um erro de digitação:
E o que mais me chamou atenção foi a quantidade de jovens que ali se encontrava. Não eram senhor(E)zinhos caquéticos, nostálgicos de tempos passados, mas, sim, gente da minha geração, em cujos olhos pulsava entusiasmo.A idéia de que educar todo mundo não dá certo não é minha. E a referência aos jovens tem uma razão de ser. Presumo que se estavam ali é porque algum interesse tinham. Mais do que isso: quem quer que leia os textos da revista — muitos dos quais, como também assinalou o Reinaldo Azevedo, de autores com menos de 30 anos — há de perceber que há segurança no que está sendo dito, o que evidencia uma boa dose de dedicação. Admitam ou não, Olavo de Carvalho contribui, sim, para a formação de uma nova postura intelectual no Brasil.
O que o texto do Perissé falava sobre a revista? Bem, nada. Apenas a especulação de que Dicta&Contradicta era uma revista da Obra. Ora, faça-me o favor! Sendo da Obra ou não, ela continua valendo o que vale. Quem quiser julgar por si mesmo que a leia! Não sei por que diabos insistem em reduzir a tarefa da inteligência ao serviço de um colocador de etiquetas. Aí, basta repetir os chavões, isto é, ler a etiqueta e fazer pose de grande conhecedor do assunto: Olavete, facista, de direita! E pronto: serviço concluído!
Gabriel Perissé nunca me pareceu leviano. O que acaba por sugerir que tal texto tenha alguma motivação que não ficou muito evidente... Vai saber...